Cometas Interestelares Podem Ser as "Sementes" que Formam Planetas

Cometas Interestelares Podem Ser as "Sementes" que Formam Planetas

No dia 1º de julho de 2025, astrônomos registraram um evento raro e fascinante: a passagem do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar. Esse visitante cósmico chamou a atenção não apenas por sua velocidade — quase o dobro da observada nos famosos ‘Oumuamua e Borisov — mas também pelo seu tamanho impressionante. O núcleo do 3I/ATLAS mede cerca de 5,6 quilômetros de diâmetro, tornando-o significativamente maior do que os visitantes anteriores.

Esse é apenas o terceiro objeto interestelar confirmado que conseguimos observar. Além de ser um fenômeno espetacular por si só, ele pode trazer respostas para um dos maiores mistérios da astronomia: como os planetas se formam.

A Hipótese das "Sementes de Planetas"

Durante a Reunião Conjunta do Congresso Europlanet de Ciência e da Divisão de Ciência Planetária (EPSC-DPS 2025), a professora Susanne Pfalzner, do Forschungszentrum Jülich (Alemanha), apresentou uma teoria intrigante. Ela e a coautora Michele Bannister sugerem que objetos interestelares, como o 3I/ATLAS, poderiam atuar como "sementes" que aceleram a formação de planetas.

A ideia parte de um problema clássico nos modelos atuais de formação planetária: é difícil explicar como partículas milimétricas e pedregulhos de até 1 metro conseguem se unir para formar objetos maiores, já que, em simulações, eles tendem a se quebrar ou ricochetear em vez de se fundirem. Essa “barreira de crescimento” desafia a teoria tradicional de acreção, que prevê processos lentos — muitas vezes mais longos do que a vida útil de um disco protoplanetário.

Cometas interestelares, por outro lado, já chegariam “prontos” como blocos maiores. Assim, ao entrarem em discos de formação planetária, poderiam servir como núcleos de aglutinação, facilitando o nascimento de planetas em escalas de tempo mais curtas.

Por Que Isso É Importante?

Se essa hipótese estiver correta, objetos interestelares poderiam explicar:

  • A formação rápida de planetas gigantes como Júpiter e Saturno, que de acordo com os modelos clássicos não deveriam existir em tão pouco tempo.

  • A maior frequência de gigantes gasosos ao redor de estrelas mais massivas, já que sua gravidade atrairia mais objetos interestelares, acelerando o processo de semeadura.

  • A raridade de gigantes gasosos em torno de anãs vermelhas (estrelas menores), que teriam menos chance de capturar esses visitantes.

Em outras palavras, alguns planetas — incluindo talvez a própria Terra — podem ter raízes interestelares, carregando em sua formação fragmentos de outras regiões da galáxia.

O Que Vem a Seguir?

O 3I/ATLAS não é apenas um espetáculo astronômico. Ele representa uma janela para testarmos ideias novas sobre a origem dos planetas e o papel que o espaço interestelar pode ter desempenhado na evolução do nosso próprio Sistema Solar.

Como destacou Pfalzner:

“O espaço interestelar entregaria sementes prontas para a formação da próxima geração de planetas.”

Estudos futuros deverão incorporar esses visitantes cósmicos nos modelos de formação planetária. Se confirmada, essa hipótese pode mudar nossa visão sobre a origem dos mundos — mostrando que, de certa forma, somos filhos das estrelas, mas também viajantes interestelares.


👉 O que você acha: a Terra pode carregar em sua essência fragmentos de mundos muito mais antigos, vindos de longe da nossa galáxia?

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