
Você já sentiu aquele alívio sutil ao perceber que, após o dia 21 de dezembro (ou 21 de junho, no Hemisfério Sul), as manhãs começam a ganhar alguns segundos extras de luz? Para nós, isso significa que em breve deixaremos de dirigir para o trabalho na completa escuridão. Mas, para os povos neolíticos, esse fenômeno era uma questão de vida ou morte.
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Como novos praticantes do sedentarismo, os aldeões pré-históricos dependiam do "renascimento" do Sol para garantir a continuidade de seus ciclos agrícolas. Essa dependência deu origem às primeiras e mais impressionantes calculadoras astronômicas da humanidade.
Conheça os monumentos que, há milênios, marcam o retorno da luz.
Newgrange: A Joia da Irlanda (3200 AEC)

Localizado no Condado de Meath, o monumento de Newgrange é o coração do complexo Brú na Bóinne. Mais do que um túmulo de passagem, esta estrutura é um relógio solar impecável.
- O Evento: No solstício de inverno, os raios solares penetram por uma abertura específica, iluminando a câmara central e suas complexas gravuras em espiral.
- O Significado: Pesquisas sugerem que as espirais representam o próprio caminho do Sol, encurtando e alongando-se conforme as estações mudam.
- Conexão Neolítica: Newgrange não está sozinho; estruturas como Maeshowe, na Escócia, mostram que havia uma rede de conhecimento interconectada nas Ilhas Britânicas focada na observação celestial.
El Castillo: A Precisão Maia no México (550 EC)
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Embora as Américas tenham seguido uma cronologia diferente da Eurásia, a sofisticação astronômica não ficou atrás. Em Chichén Itzá, a pirâmide conhecida como El Castillo oferece um espetáculo visual único.
No dia mais curto do ano, o ângulo dos raios solares ilumina exatamente dois lados da pirâmide, enquanto os outros dois permanecem em sombra total. É a materialização da matemática maia em pedra.
Curiosidade: Nas Américas, o observatório de Woodhenge (em Cahokia, Illinois) também servia para rastrear solstícios há cerca de 1.000 anos, servindo como ponto de encontro para cerimônias que ainda intrigam arqueólogos.
Stonehenge: O Ícone da Inglaterra (3000 AEC)

Nenhuma lista de astronomia antiga estaria completa sem Stonehenge. Construído em estágios ao longo de séculos, o círculo de pedras alinha-se perfeitamente ao nascer do sol no verão e ao pôr do sol no inverno.
Evidências encontradas na vila vizinha, Durrington Walls, mostram que os construtores realizavam abates massivos de animais nesta época, sugerindo que o solstício de inverno era marcado por grandes banquetes e celebrações comunitárias, possivelmente para elevar o moral durante os meses mais frios.
Cromeleque dos Almendres: O Pioneiro em Portugal (6000 AEC)
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Se você busca a estrutura mais antiga, precisa olhar para o sul de Portugal. O Cromeleque dos Almendres é milênios mais velho que Stonehenge.
Embora ainda existam mistérios sobre quem ergueu essas pedras, o alinhamento entre o cromeleque e um menir próximo confirma que, já em 6000 AEC, o ser humano já celebrava o exato momento em que o Sol vencia a escuridão no solstício de inverno.
O Legado de Pedra
Essas estruturas nos lembram que a conexão humana com o cosmos é antiga e profunda. O que hoje vemos como um evento astronômico curioso, para nossos ancestrais era o sinal de que a terra voltaria a ser fértil e a vida, mais uma vez, prevaleceria sobre o inverno.
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Fonte: IFLScience
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